37.6 - Anexo VI - Mensagem da Samantha


Eu e o Roberto trabalhamos, cuidamos de nossa família, casa, nossos bichos, temos amigos, sorrimos e choramos juntos, vamos levando a vida. Enfim, formamos um casal comum.

E somos também, almas gêmeas e médiuns umbandistas.

Minha trajetória ate esse livro, não foi, como muitas outras, das mais fáceis. Médium vidente e ouvinte desde pequena descobri rapidamente que as pessoas não gostavam que falasse de meus amiguinhos invisíveis. Nem quando eles queriam falar com elas, muito menos quando tentavam avisar de um perigo próximo.

Aprendi que a melhor coisa a fazer era tentar fingir que eles não existiam, como faziam todas as outras pessoas adultas normais. Apesar das constantes visitas, melhor era fechar os olhos.

E assim, fui levando. E bem verdade, que em muitas noites escondia minha cabeça debaixo da coberta, fechava os olhos e repetia bem firme “nada de mal existe”, ate que aquelas pessoas fossem embora.

Algumas vezes iam, outras não.

Aos dezessete, um professor de física, fazia experiências mediúnicas e resolvi participar.Tirei carta, escrevi mensagens, fiz viagens astrais, descrevi coisas do alem. Daí para as apresentações foi um passo. Durante muito tempo fui um mico de circo, matando a curiosidade dos outros.Já não tinha mais controle sobre nada, me contavam problemas que não podia resolver, historias das quais não podia participar, dores que não eram minhas.Finalmente, quatro anos depois, consegui retomar as rédeas da minha vida e prometi a mim mesmo, que jamais voltaria deixar minha mediunidade aflorar.

Não sabia que as coisas não funcionavam bem assim.

Anos depois conheci o Roberto, que, entre outras coisas, era umbandista.Sempre respeitei todas as religiões e ele estando bem, eu estaria feliz. Mas nunca quis me envolver muito.Preferia simplesmente ignorar essa parte das nossas vidas.

Namoramos, noivamos, casamos. Sempre juntos, sempre parceiros. Mas eu não tinha encontrado minha paz, algo me faltava. O Roberto sabia da minha historia, da minha mediunidade e de todos os problemas que ela tinha me trazido ate então. E aos poucos foi me apresentando a Umbanda e fui percebendo que, quando se nasce médium, se morre médium.

Comecei a freqüentar o Terreiro Pai Maneco, sempre com muito medo de perder novamente o controle.Aos poucos fui confiando na casa e no trabalho ali desenvolvido. Me sentia segura ao lado do Roberto.Ele sempre teve a segurança e a fortaleza que me faltaram.

Começaram as primeiras psicografias e com elas a noticia de que iríamos fazer um livro.Apesar da minha reticência, concordamos.

Foi mais ou menos meio ano depois que descobrimos que minha avó, aos 92 anos, estava com câncer ósseo.Foi desesperador, para todos nos. Ela sempre foi o arrimo familiar, a matriarca.

Como ficaríamos sem ela? Novamente, aqui as entidades se fizeram presente. Explicaram que ela não sofreria qualquer dor ate sua morte e que deveríamos continuar com o livro. O contato com seus médicos espirituais, os amigos do lado de lá que se fizeram sempre presente ao pe da cama, explicando a todos as fases da doença, o que aconteceria a seguir, deram paz a minha família. O seu desencarne tranqüilo, de mãos dada comigo e a certeza que ela estava bem, fizeram com que minha família e eu pudéssemos continuar.

Pela primeira vez, então, precisei da mediunidade, exatamente como todos os consulentes, que, agradecidos recebiam as mensagens. Pela primeira vez na vida agradeci por ela. E, percebi, finalmente que essa era a minha missão.

Esse livro é uma parte dela.

Agradeço a minha avó e mãe espiritual, Cyrene Sade
Ao meu pai, Johnson Sade, por seu exemplo de vida
Ao meu tio, Wilson Sade, por me ensinar a sobreviver como médium.
Ao Pai Beco de Oxossi, meu pai de Santo.
Ao Pai Fernando de Ogum, o dirigente de nossa casa.
Ao Roberto, minha alma Gêmea.
E, principalmente, ao Pai Maneco, nosso guia e protetor de todas as horas.