34 - A Mediunidade e a Umbanda


Atentem os filhos agora a um assunto que leva muitos a se perderem em questionamentos.

Se todos tem a sensibilidade de perceber e escutar as vibrações do mundo dos desencarnados, porque somente a alguns é dado a obrigação de desenvolver esta ligação a ponto que dediquem vida a isso e criem de sua histórias, um constante equilíbrio entre o impalpável e a realidade dos olhos, como se fossem designados para serem pontes entre os mundos?


A uns é dado o caminho da cura e médicos se formam, enquanto a outros é dado o caminho da justiça e juizes se fazem presentes.


Mais que uma simples inclinação, à escolha por este ou aquele caminho é pré-determinada pelo próprio espírito, quando desencarnado, procurando ele, quando encarnado, seguir, ainda que no mais das vezes intuitivamente, seu propósito.

E poderá não trilha-lo. Não se esta aqui pretendendo retirar dos filhos qualquer domínio de suas próprias escolhas.

Os caminhos estão predeterminados mas não definitivamente escolhidos.

O espírito quando desencarnado não escolhe ser assassino ou ladrão, muito menos por fim a sua própria vida ou leva-la de modo indigno.

Mas, muitos assim o fazem.

E, apesar de terem claras indicações de que o caminho correto não é àquele, o escolhem.

O bem é o único caminho.

Se o bem não se instala não é por falta de conhecimento, mas sim por descrédito, falta de fé, de amor.

Nenhum filho mata sem saber que o mal pratica, nenhum filho conscientemente, escolhe o caminho da dor, enquanto sabe que a vida tem regras claras e indicativas à bondade.

Desconhecer o bem não é e nunca foi desculpa para a prática do mal.

Não se faz guerra por amor, mesmo que a desculpa seja o amor.

Não se mata por amor, mesmo que a desculpa seja o amor.

Não se fere por amor, mesmo que a desculpa seja o amor.

Claro fique: a maldade não se dissemina pela ignorância do bem, no máximo tenta encontrar nesta uma grande desculpa.

A ignorância existe efetivamente na escolha dos caminhos pré-determinados. A ignorância é da consciência em trilhar outro caminho.

Por que se o grande mal não é gerado por ignorância do bem, os pequenos atos de maldade, que às vezes parecem insignificantes (mas inúmeras vezes machucam mais do que os grandes), sim.

Efetivamente, se todos os filhos tivessem a consciência que seus atos, ou a falta deles, geram dificuldades a serem enfrentadas, ou abrem caminhos à felicidade, por certo seriam menos os erros e mais fácil a realização do bem.

Mas há uma massa de filhos, que, descrentes e hipnotizados seguem seu rumo, sem se preocupar muito com o caminho da humanidade, olham seus olhos no espelho e só os vêem.

Não conseguem enxergar que atrás deles está um grande e superior planejamento e não conseguem escutar seu próprio eu, tão atordoados com seus problemas, com suas vidas, esquecendo que, se em terra estão, em missão estão, e devem aproveitar cada momento para aprenderem sempre e o máximo.

Provavelmente os filhos que sabem de sua mediunidade já se abriram para essa realidade e conseguem ver alem de seus olhos.

Estes filhos que conseguiram enxergar alem, não podem mais questionar sua escolha.

É inconcebível que o filho que sabe de sua missão e enxerga o caminho opte por outra estrada.

Sim, os filhos médiuns que precisam dedicar sua vida a mediunidade, fazem escolhas errôneas e muitas vezes descrêem de sua própria fé.

Sabem que possuem o livre arbítrio e deixam se guiar pelos caminhos que às vezes parecem mais fáceis, mas à medida que são trilhados se tornam dolorosos.

Alguns seguem a medicina, outros letras, mas a outros é dado exercer sua mediunidade.

E não se fale aqui de qualquer dom.

Dom é saber cantar como os anjos, ou planejar como os gênios.

Mediunidade não é dom.

Mediunidade é karma, missão, obrigação e aprendizado.

É aprender por uma ou outra via, é saber que a escolha pela fé, pelo elo de ligação estava predeterminada e, como tal deve ser cumprida.

É uma forma de aprender e evoluir, só mais uma, no meio de tantas.

Mas, quando necessário se faz o seu desenvolvimento, o filho médium possui dois caminhos apenas: desenvolver o trabalho que veio realizar ou retornar, inúmeras e inúmeras vezes, para compreender a lição.

Por isso também, não se cobre de pais de santos, padres, videntes, que não tenham erros, que sejam perfeitos, que se tornem exemplos a serem seguidos.

Ora, se fossem perfeitos, não teriam missão e nem o que apreender com sua mediunidade.

Não são eles perfeitos, não são encarnações do infinito, do correto, da bondade.

São sim, espíritos, que como todos os que encarnam, buscam o aperfeiçoamento, o aprendizado, o conhecimento.

Portanto, são sujeitos a erros e muitos erros.

E por se sentirem tão cobrados e estarem em evidência acabam cometendo erros ainda maiores.

A mediunidade enquanto karma e enquanto missão de vida é um missão pesada, talvez não mais que às outras, mas com certeza, pesada.

Mais fácil nos dias de hoje porque não são os filhos queimados na fogueira, como bruxos ou ainda internados em manicômios, como loucos.

Mas ainda difícil, sem dúvida.

A sociedade ocidental tem tanta resistência para entender a vida como uma passagem porque a ordem econômica no qual se baseou evita e rejeita e idéia de uma continuidade.


Se houver a completa compreensão de que tem os filhos todo o tempo do mundo, que a vida acaba por acontecer, de uma forma ou de outra, que, ao final, estão os filhos destinados ao bem, haveria um maior equilíbrio, uma maior tranqüilidade e satisfação.

E isso leva a um efeito imediato: aquele que encontra a satisfação em si não busca fora, em objetos matérias não consome com tanta gana, não tenta aplacar o enorme vazio com roupas, dinheiro, carros, bebidas.

Simplesmente, tem a visão de que, o material deve sim existir, mas somente na medida exata que faça tranqüila a vida e não mais complicada.

A sociedade ocidental vive do consumismo exacerbado, da eterna busca por dinheiro, da constante insatisfação.

Este consumismo precisa do vazio e não da plenitude.

Assim, por obvio, não serão aceitos de bom grado, os que acreditam e pregam, que o conforto é necessário, mas a paz fundamental. Que o dinheiro facilita, mas só o amor liberta. Que comprar para tentar alcançar sonhos não é a maneira mais eficiente de proceder. Que a retidão de conduta, esta sim, pode transformar sonhos em verdade.

Não que o dinheiro não seja importante, que a ambição não seja importante. Alias, a ambição é fundamental, para que evolua o espírito. Mas a ambição de realizar o bem de desmoronar ódios e ganâncias que o prendem. Esta sim é a boa ambição.

O dinheiro tem enorme importância no mundo encarnado e a riqueza honesta é bem vinda.

Se assim não fosse, não teria a Umbanda entidades que trazem aos filhos a ajuda necessária material.

Mas a riqueza última é a da paz, da tranqüilidade, da compreensão de que a vida somente se fará completa quando entenderem os filhos que a felicidade não esta fora, mas sim dentro da alma.

O que se deixa claro aqui é que muito dificilmente a sociedade ocidentalizada, na forma como hoje se encontra, ira provar cientificamente a existência de outra dimensão, a verdade da reencarnação, a certeza da continuidade dos aprendizados.

Não que não existam provas suficientes e ao alcance de todos.O problema é que não é interessante se comprovar aquilo que vai de encontro ao consumismo e a sua roda propulsora: a eterna insatisfação.

É importante que os filhos compreendam isso.

Não fiquem pois esperando que em redes de grande comunicação sejam comprovadas as teorias e práticas que fazem séculos são percebidas pelos filhos médiuns.

Portanto, não procurem comprovação em uma sociedade, que hipnotizada por belas propagandas, acredita mais na realidade posta do que na de seu interior.

Assim, a mediunidade tem muitas provas como a dúvida geral, a necessidade de sua eterna comprovação, a descrença naquilo que aos cavalos parece tão natural. Aquilo que vêem, que sentem, que inúmeras vezes comprovam.

E, então, quantos filhos não procuram a medicina ocidental para pedir remédios que façam esquecer as visões, que cessem às vozes, que tranqüilizem o espírito.

Como se isso possível fosse.

E médicos ocidentais, também criados dentro da massa hipnotizada, crêem que bem estarão fazendo ao receitarem dopantes a filhos que precisam de orientação e fé; a filhos que precisam antes de tudo, conhecer e reconhecer sua mediunidade e ao aceita-la, centrar suas energias e cumprir suas tarefas.

É triste ver a quantidade de cavalos que, dopados por fortes medicamentos, tentam seguir suas vidas e, ainda assim, não conseguem continuar sua trajetória, pois estão fora da trilha correta.

Portanto filhos não esperem um reconhecimento social, uma aceitação. Agradeçam por viverem em um tempo em que é possível manifestar quase que livremente a mediunidade, em que se escutam cada vez mais vozes dissonantes à multidão, perguntando o motivo de tudo isso.

Vozes que, se juntam aos dos médiuns e estão aos poucos conseguindo ecoar no fundo de consciências.

Portanto, façam filhos o milagre em suas próprias vidas, quando necessitam seguir seu caminho na espiritualidade.

Não escutem os descrentes, não se irritem com os debochados, não se deixem influenciar pelas verdades vendidas em comercias.

Sintam, aceitem e reconheçam o que ha muito já foi pelos médiuns descoberto: sim, que a vida continua, sim que pode haver equilíbrio e sim, que podem os filhos sintonizar, falar, escutar e ver este outro maravilhoso mundo que, entre comerciais, tenta se fazer presente.