28 - A Incorporação nos Trabalhos de Umbanda



Incorporar é sentir. Incorporar é trazer a terra os espíritos. É dar corpo a luz imaterial.


A incorporação, antes de tudo, pressupõe que o filho esteja disposto a ser o elo de ligação entre encarnados e desencarnados, e que, por meio da sua energia, possam os espíritos se manifestarem.

Portanto não há incorporação quando não existe autorização. E essa é uma das leis básicas da Umbanda. Nenhum filho nunca será obrigado a dar passagem a um espírito, quando não desejar.

Assim, não há o que temer.

Muitos ainda acreditam que enquanto pertencentes a um trabalho de Umbanda, obrigados estão a deixar que, através de sua energia, os espíritos se manifestem.

Nada mais errado.

A permissão do filho é ponto fundamental para que haja a incorporação. E aqui não se está falando de obsessores.

O primeiro passo para a incorporação é que o filho esteja disposto a trabalhar como interlocutor.

A segunda premissa básica que determina a incorporação é a de que energias vibracionais diferentes e não harmônicas, acabam por se repelir.

Portanto necessária a sintonia vibracional do filho com a do espírito com a qual ele está trabalhando.

Entidades que possuem vibrações de paz, tranqüilidade, amor, muito provavelmente não utilizarão como meio de comunicação um filho que tenha como objetivo a realização do mal.

A entidade e o filho, quando de sintonias diferentes, simplesmente não realizam uma incorporação, porque as energias não se somam, mas se sobrepõe, entrando em conflito.

Assim, a entidade escolherá o filho pelo seu padrão vibracional.

Apesar de terem a possibilidade de incorporar em outros filhos, as entidades chefes somente se manifestam através dos pais de santos da casa ou por autorização destes.

Porque a hierarquia, ponto fundamental na organização da Umbanda, deve ser respeitada pelas entidades e a elas, como aos filhos, não é dado desobedecer as regras.

Portanto, repita-se, somente aos filhos chefe de casa, ou a seus indicados é dado realizar a incorporação dos espíritos chefes das falanges.

Repita-se também que o filho em momento algum é obrigado a uma ou outra atitude porque incorporado está.

A incorporação, na grande maioria das vezes é consciente e, quando não o é, as entidades não possuem autorização para tomar qualquer atitude sem a plena concordância do cavalo.

E este fato remete a outra verdade: a entidade escolhe o filho, não o contrário.

O cavalo apenas aceita ou não trabalhar com a entidade que o acolheu, mas nunca pode, ele mesmo escolher entre esse ou aquele espírito.

Isso é de simples entendimento: a entidade pode determinar o padrão vibracional no qual ira trabalhar. A sintonia inicial, portanto, provem da entidade e não do filho.

Este fato não significa que a entidade não possa escolher filhos menos desenvolvidos para realizar a ligação.

A distinção aqui é importante: a faixa vibracional independe do desenvolvimento mediúnico do cavalo.

Muitas vezes entidades que há tempos trabalham junto a Umbanda, se manifestam em filhos que ainda não possuem todos os elementos para realizarem a ligação de forma clara, mas com padrão vibracional compatível.

Isso ocorre pelos mais variados motivos: desde a necessidade de realizar o desenvolvimento do filho, até a de comunicação imediata sem disponibilidade de outro cavalo.

Assim, nada mais contra as regras da Umbanda do que usar a incorporação como desculpa, como se o filho pudesse, do mesmo modo que um fantoche, ser conduzido.

Isso não é verdadeiro e um dos maiores mitos da incorporação.

Os filhos não serão obrigados a qualquer atitude que não concordem, da qual não tenham pleno e total conhecimento.

Ao realizar a ligação o filho usa sua energia, seu corpo, mas principalmente sua aprovação.

Assim, a incorporação, na grande maioria das vezes é consciente. Mesmo porque a entidade utiliza a consciência, como um dos elementos do trabalho.

É ela o ponto de ligação, de interseção entre a personalidade do filho e a do espírito e, muitas vezes, um dos grandes pontos de dúvida do cavalo.

Alguns filhos se perguntam: “se tudo acompanho, se tudo vejo, não seria meu espírito que fala?”.

É importante observar que a incorporação é a utilização do filho para realizar a transmissão, portanto a alma do cavalo continua em seu corpo.

Explica-se: um rádio quando transmite o som, está com todos seu fusíveis em funcionamento e isso não quer, em absoluto dizer que o som que se faz por ele, seja dos fusíveis.

Assim, o filho é utilizado para realizar a transmissão, mas o conteúdo do som é fundamentalmente o som das entidades.

É claro que o fusível interfere na qualidade da comunicação, mas não em seu som final, da mesma forma que a consciência interfere na ligação, mas não no conteúdo.