27 - O Equilíbrio e as Sete Linhas



Saber a mãe ou pai de cabeça que regem a vida do filho é importante por diversos motivos.

Um deles é a influência deste fato em sua personalidade.

É difícil ter equilíbrio. É difícil equilibrar forças, desejos e ambições. A dificuldade vai alem da boa vontade, de força ou de caráter.

A força, a boa vontade, o caráter são essenciais e devem ser em qualquer hipótese voltados aos bem. Isso não é benesse é dever. Isso não é luz própria é o fundamento de toda e qualquer felicidade.

Não se esta aqui, portanto, referindo-se a defeitos ou qualidades de caráter, porque nenhuma influencia de Orixá justifica o mal.

Nenhum Orixá seria Orixá se incentivasse às escolhas erradas, à mentira, a falsidade.

Então filhos é importante deixar este ponto claro: o bem é o único caminho e forma de felicidade.

Mas existe sim grande influencia da força do orixá na personalidade, nas reações e nas dificuldades diárias.E isso tem que se tornar claro: os humores e dissabores diários, que fazem com que às realidades sejam vistas de diversas formas, as atitudes interpretadas de muitas maneiras, enfim, da força maior que faz de todos os filhos espíritos em evolução e que em suas características levam à beleza da diferença, a segurança do respeito e as reações às escolhas e fatos da vida.

É importante, assim, a noção do equilíbrio. Fundamental que o filho tenha consciência que muitas de suas escolhas decorrem da força maior que rege o orixá.

Explica-se o que complicado muitas vezes se faz simples:

Filhos de Ogum são guerreiros, são fortes e lutam contra as dificuldades de forma incansável.

Mas, muitas vezes é esta força que os leva a não enxergarem que o caminho e as escolhas podem não ter sido às certas. Que torna os filhos de ogum cegos dentro de sua determinação, onde não conseguem perceber que não é a tarefa que está por demais árdua, mas sim o caminho que foi errado.

Em outras vezes esquecem que a luta é o meio e não o fim e que existe gloria nas conquistas que não pareceram tão duras, porque elas, muitas das vezes são muito mais difíceis a um filho de ogum, do que as onde apresentam suas armas, porque não tem a sedução da batalha.

Equilíbrio deve-se procurar o equilíbrio.

Oxossi se orgulha de seus feitos, tem a coragem de enfrentar às duras realidades e também é afeito às batalhas. Mas entende que as batalhas são os meios. Ocorre que às vezes crê demais que suas escolhas devem se sobrepor a todas as outras. Peca por sua altivez, quando não consegue enxergar a verdade de terceiros.

Não se abre a novas realidades porque acredita ser a sua, a certa e a única. Orgulha-se de suas conquistas, mas às vezes seu orgulho é cego e sua flecha pode criar a dor, quando, na verdade, procura a harmonia e que mostrar a verdade, esquecendo que esta é a sua verdade.

Equilíbrio deve-se procurar o equilíbrio.


E Oxalá. Tão centrado tem sua força emanada exatamente deste equilíbrio. Do equilíbrio e da tranqüilidade, da paz interior, da beleza de seu centro. Consegue distinguir seus medos e conhecer sua força, consegue entender seus semelhante e às razões que o faz tomar essa ou outra atitude. Mas, muitas vezes acredita tanto nesse centro, crê completamente que consegue compreender todas as razões, que omisso se faz.

Sim, para aqueles a quem é dado enxergar todos os lados, muitas vezes se perdem na indefinição.

Peca por omissão. Se for capaz de entender todos os motivos e perdoar todos os erros, às vezes não consegue tomar frente a uma das posições, ficando entre uma ou outra escolha sem conseguir definir qual a correta. E, no meio do caminho, procura novas trilhas, convencido de que àquela, como as outras, é boa. E ai acaba por se perder e não conseguir alcançar o seu objetivo final, de tantos círculos que faz em sua jornada.

Equilíbrio deve-se procurar equilíbrio.

E Xangô, com sua noção de justiça, seu poder de distinguir o certo do errado, seu horror a injustiça. Tão essencial à sua força para que se faça à defesa daqueles que não tem essa força para a si defenderem. Tão importante suas noções objetivas do certo e do errado. Do forte e do fraco, da justiça e da injustiça.

Mas, às vezes, estes filhos julgam demais, separam sua vida entre bons e maus e não perdoam os erros. Esquecem que são os filhos, todos, espíritos em evolução. Que todos os filhos são passíveis de erros.Às vezes acreditam muito em seu poder de julgamento e esquecem que toda a verdade tem várias faces, que as escolhas podem ser muitas e podem ser boas, mesmo que não sejam as suas. Esquece também que a justiça é divina, mas que seus executores são imperfeitos e que, muitas das vezes erram mais do que àqueles a quem julgam.

Equilíbrio deve-se procurar equilíbrio.

E as filhas de Oxum. Tão lindas, são um balsamo na realidade em que à beleza falta. Trazem a luz do belo aos lugares mais escuros e acreditam na realização do amor, na beleza de seu reflexo.

Acolhem maternalmente a todos e choram, choram as dores do mundo.

Mas, às vezes suas lagrimas são abundantes demais e afogam sua força. Às vezes a dor se confunde com a fraqueza. E não conseguem de suas vidas tomar conta, porque estão sempre abertas às energias alheias, falta-lhes a força da luta, a verdade da tempestade.


Oxum se deixa enfeitiçar pelo brilho fútil, pela luz sem retorno e sem chama. Então às filhas de Oxum é preciso a serenidade de enxergar o belo, onde a falta de beleza se faz presente, onde a desarmonia impera.

Por que nada é tão fútil quanto o brilho do ouro dos tolos. Nada é tão dispensável do que a beleza superficial e nada tão desnecessário quanto o brilho de uma pedra falsa.

Assim às filhas de Oxum devem se lembrar que a beleza é da alma, que o brilho é do olhar e que o dourado do sol não se encontra em qualquer lugar, mas sim onde a luz possa se fazer presente.

Equilíbrio deve-se procurar equilíbrio.


Iemanjá, tão forte, tão valente. Mãe das águas que acolhe seus filhos e que lhes aplica também severas reprimendas.

Que busca sempre a justiça e tenta levar aos filhos a sua força materna, criadora. A ela todos recorrem e esperam ver suas preces atendidas e ela se faz fundamental.

Agressiva na defesa de seus filhos e impiedosa como suas águas. Mas às vezes, rígida demais, ou então protetora demais.

Volta então à sua ira para causas apaixonadas e outras de forma destruidora, removendo mundos para proteger aqueles em que em suas graças caem e destruir os que considera errados ou quando estejam prejudicando aos que entende seus.

De uma ira tamanha. De um amor tamanho. Seja como for suas atitudes são fortes, como o mar. Os filhos que estão sobre sua orientação devem lembrar o quanto forte são as águas bravias e devem saber a quem dirigir essa força, que cada um pode sim realizar sua própria defesa, que extremados são seus sentimentos, seja o ódio, seja o amor.

E que sua defesa deve se fazer com parcimônia para que não destrua ou proteja mais que o necessário.

Equilíbrio deve-se procurar equilíbrio.


Iansã, rápida, mutante, imprevisível. Que leva folhas e destrói casas. Que faz dançar penas, mas que acaba com florestas. Bela em sua força, muitos são os caminhos de seus desejos. Volátil, faz sua força se sentir nas entranhas e brilha tanto que se torna fundamental. Como os campos de trigos que faz ir de um lado a outro. Traz movimento à beleza estática.Traz movimento a brisa.

Às vezes destrói, outras vezes, alenta, refresca.

É tão fundamental que brilha sempre e nunca deixa se passar despercebida.

Adora ser o centro e conseguir atrair a si, com seu constante movimento, admiração, amor.

Mas também, quando os filhos por demais influenciados em sua proteção se apresentam, conseguem atrair a si a ira, a raiva, o amor ou o ódio, sem meio termo.

E de voláteis se transformam em volúveis, de força motriz para eterno centro de atenções, amores e, muitas vezes, ódios.

Esquecem que os grandes planos são traçados nos bastidores e que as maiores guerras são sustentadas por anos a fio de lutas e não no brilho e ímpeto de uma única batalha.

Equilíbrio deve-se procurar equilíbrio.

Importante assim que os filhos se conheçam, antes mesmo de entenderem os outros. Que julguem a si próprios, que não sejam carrascos nem mártires, mas sim, espíritos em constante evolução.

Por que o filho que conhece a si, sabe que muito tem a aprender e se reconhece como energia em constante evolução, sabe que antes de observar as grandes tempestades no mundo, deve enxergar a que se faz em seu interior e tentar entende-la, para que possa se não controla-la fazer com que essa energia seja utilizada a favor do bem e da evolução.

Por que toda a força que se canaliza ao bem é valida, porque de energia se faz à evolução e da evolução, energia.