26 - A Proteção e Luz das Crianças



A energia do trabalho das crianças é muito importante à harmonia da Umbanda.

Muitas vezes não levados a serio por se esconderem em um cascão de brincadeiras, os trabalhos desenvolvidos por estas entidades são dos mais fortes nas casas Umbandistas.

Não se ouse duvidar da profecia de uma criança, porque suas palavras tem o dom do sortilégio, a força do destino.

Nelas está previsto o futuro, porque são elas as forças motrizes do futuro.

Fazem abrir caminhos, modificam cursos das águas, porque não trazem consigo as desilusões do passado, a tristeza dos tombos, o desanimo da experiência.

É o trabalho da criança força bruta que nasce da terra, que vem do céu, é à força das realizações, do que virá, da proteção ao viajante, da alegria e da caminhada.

Não vêem os obstáculos dos adultos, sabem o que querem e então, por nunca ouvirem que impossível lhes era, realizam.

E realizam com tal energia e beleza que passam por cima de tristezas, dificuldades, dúvidas, ressentimentos e distâncias. Simplesmente acreditam no amor, alegria e felicidade em suas formas mais puras.

E para encontra-las não enxergam obstáculos, simplesmente acreditam e realizam.

Por isso seus trabalhos são fortes. As sombras simplesmente não conseguem interagir, se dissolvendo em cantigas de roda.

A força de uma brincadeira encanta e absorve, retirando com a tranqüilidade de uma traquinagem os obstáculos que se apresentam.

Mas enganam-se os filhos que acreditam, que por serem crianças, essas entidades são mais brandas com as energias escuras e traiçoeiras.

Muito pelo contrário. As crianças são brutas na defesa da harmonia e, por não conhecerem a realidade das dificuldades, atropelam-nas com a força de tempestades.

Derrubando-as, destruindo-as.

Então, nunca duvide filho do poder de uma criança. Em sua forma pura são mandingueiras, desmancham quebrantos, passam por cima das forças contrárias e destroem como furacões. Acabam com a peste, mas utilizam igual força para isso.

Portanto, não são entidades que devam ser evocadas por mera “brincadeira” e muita atenção quando se fazem presentes, porque motivo há.

Escutem filhos suas palavras, porque verdades puras e nuas são ditas em inocentes cantigas de roda.

A pureza da inocência é, na maioria das vezes, mais bruta que a da sabedoria.

E a inocência é a sabedoria do desconhecimento, das dificuldades. É a certeza do sucesso, da realização. Não há limites na inocência.

Assim, repita-se, não tenham filhos dúvidas do sorriso de uma criança, da força do amalá de uma bala, da verdade de uma cantilena.

Se desanimados, desestimulados ou sem esperança estiverem os filhos, entoem o canto da criança e peçam sua proteção, porque são elas as entidades dos desesperados, das causas difíceis, dos tristes.

No poder de suas brincadeiras e na inocência de suas traquinagens não há sombra que resista. Seus encantamentos conseguem levar aos que precisam a energia da bondade, a verdade da inocência.

Se promessas foram feitas, promessas devem ser cumpridas. Se verdades foram ditas, verdades se concretizarão. Se o filho pedir a uma criança, receberá uma graça. E a graça será em forma de brincadeira, mas com a fortaleza do descarrego.

Então ocorrerá a abertura do caminho. A criança se fará forte, decidida e imbatível.

Que venham todas as crianças e que possam elas dar vida aos que da vida já desistiram, dar alegria aos que da alegria já deixaram, dar luz aos que crêem nas sombras.


“E em seus gracejos temos a verdade.
Em seus contos a verdade.
Em seus sorrisos a verdade.
Porque crianças são luz, verdade e futuro“