21 - As Guias e a Umbanda


A Guias tem para a Umbanda, enorme significação.

Não acreditem os descrentes que singelas contas, ligadas por um fio são fracas e delicadas.Este é um dos primeiros ensinamentos das guias: não julgue filho pelo que seus olhos terrenos vêm, não julgue por aquilo que pensam eles ver.


O poder está muitas das vezes onde menos se espera e um fio tão frágil se apresenta no plano espiritual como uma corrente das mais grossas, de força e luz.

Não julgue pela aparência, julgue pelo coração, ou melhor, não realize julgamento algum, apenas sinta a força que imanta uma guia, ao ser carregada pelos filhos da corrente, ou pelos dirigentes do terreiro.

As guias são como linhas de força que ligam o espírito ao corpo, a alma desencarnada à alma encarnada. O que não se vê, com o que se toca.

Como ligação, tem importância em um dos lados da espada e como força, em outro.


A guia traz ao cavalo o cabo de força que o protege e que ao mesmo tempo sintoniza com as energias das entidades, dos orixás.

Quem coloca a guia, busca para si a energia de toda uma faixa vibracional, sintonizando o imantado com o físico.

As guias representam esta entoação. Entoam forças milenares e trazem para aqueles que as usam essência e poder, proteção e ligação.

Entretanto, e bem por isso, não se despreze sua utilização.

Quando usadas de forma errônea e para os fins a que não se destinam, atrapalham e atuam como verdadeiras forças contrapostas que podem desarmonizar, cavalo, corrente e trabalho.

É simples como tudo na Umbanda.

Agregar a força de Ogum a um trabalho que necessita apenas a tranqüilidade de Oxalá, simplesmente pode não resolver e somente exacerbar ânimos.

Não que tragam elas qualquer energia contrária. Um elemento tão poderoso na Umbanda para tal não se prestaria.

Apenas evocam energias não necessárias e dissonantes com o trabalho que está sendo realizado, desassociando forcas, trazendo falta de harmonia a demanda, literalmente cruzando linhas energéticas, que no momento são desnecessárias e como visto, muitas vezes antagônicas.


As guias devem ser utilizadas também como forma de proteção. Sim, pois além de trazerem a força necessária ao trabalho, protegem o cavalo de energias que não se mostrem compatíveis com o nível e a beleza espiritual da Umbanda.

E nem se diga, que em trabalhos de quimbanda, também se utilizam guias. Novamente, aqui se deixam enganar os filhos que assim pensam. Não são guias em tais trabalhos, mas sim elementos que juntos, restaram imantados pelo trabalho, pela energia negativa utilizada.

Mas que também protegem aqueles que as usam, hipocrisia seria dizer o contrário.

Já foi dito que as energias e forças do mal protegem seus feitores, como mandantes protegem seus executores. Mas, ao seu tempo, os deixam cair em desgraça, rápida e impiedosamente.


As guias protegem os cavalos e repelem forcas com ela não condizentes, atuando como um para raio, descarregando-as.

É por isso que muitas das guias parecem se espatifar no chão, como desmanteladas e arrancadas. São realmente “arrancadas” pela energia negativa que bloqueiam. E estouram, por que, absorvem parte daquela energia, não deixando tal feixe negativo atingir o cavalo.

E pacientemente os filhos devem busca-la ao chão e refaze-las, com agradecimento, por que mais uma vez a magia e a fé se fizeram presentes e protegeram o cavalo que, por força do bem, utilizava a guia.

Existem guias específicas às entidades que trabalham.

Estas guias alem da proteção, como já dito, “vestem” o cavalo com a energia da entidade, trazendo o incorpóreo ao palpável, gerando uma vibração propicia a incorporação da entidade a ela afeita, como se “preparassem” o terreno, para que ele se torne mais fértil e harmonioso à incorporação da entidade à guia afeita.

Portanto, não se tratam as guias de “enfeites” muito menos de instrumentos de “mistificação” e sim de ferramentas fundamentais ao desenvolvimento do trabalho.

Nas giras ditas “neutras” de duas, uma: ou se desenvolvem guias específicas referentes às entidades que estão incorporando, ou preferencialmente, não se utilizem as guias de outras linhas.

Isso, por que como já colocado, as energias podem se contrapor não prejudicando, mas também em nada ajudando o trabalho desenvolvido.

Agora, se o foco for só no bem do cavalo, entre se utilizar à guia não condizente com o trabalho ou optar por suas ausência, que se utilize a não condizente.

Isto por que, verifica-se que antes de tudo, presente deve estar a proteção do trabalho e o bem estar do cavalo.

Assim, utilizem-se as guia de modo correto: como pontos de energia e correntes de proteção e não indumentárias.

Por que guias são entonação, imantação, proteção e não contas de cristais, puras e simples.