Tão lindo o mar em sua imensidão. Tão forte e ao mesmo tempo tão frágil.
A vida em forma liquida, a modificação, a possibilidade de eterno molde, de incrível adaptação, de força em constante movimento.
A água e sua força de mudança.
A força em estado líquido, sólido ou vaporoso: adaptação.
O vergar sem quebrar, o transformar sem perder a essência, a possibilidade de represar a força em seu estado mais puro.
A energia da água, purificando a limpeza da alma.
Sofrem aqueles que desprezam sua força, por que esteja ela onde estiver, sempre fará parte do todo e para o todo voltara, de uma forma ou de outra.
Enganam-se aqueles que acham que tem o poder de separar a água em um copo.
A água veio e ira voltar para o mar. A força do todo, sempre.
Em um copo de água, pode se ter à energia dos mares, a limpeza das ondas, o movimento em sua mais pura representação, demonstrando que tudo sempre ira passar, mas que eterno será o espírito.
Por que ele veio e voltará para seu lar: ele é parte do todo represado em um cascão.
A água é fluido que não pode negar sua origem, seu movimento em busca da força inicial.
É o espírito que não pode negar que veio de um todo maior, de um todo infinito, que, apesar de percorrer caminhos diferentes, das mais diversas formas, ira voltar ao seu estado bruto.
Ao estado da beleza, ao estado da bondade.
Por que Oxalá é em sua essência a bondade e desta bondade derivam, com o mesmo grau de evolução, os espíritos.
Mas, como a água, cada qual toma um destino diferente.
Uns filhos se fazem onda, outros chuva, uns vão direto a grande força, outros devem subir montanhas, para depois desce-las, alguns devem se misturar com impurezas e parecerem sujos, enlameados, para em algum momento realizarem a decantação.
Tornam-se então fluídos indo de encontro ao todo.
E a alguns filhos é dado ficar rolando em pedras, levando da sua vida, pedaços de tristeza, lembranças de terras distantes e pela vida passam, como flui um rio que, entre enchentes e secas, leva consigo as dores da alma.
Observe filho: enquanto o corpo corre para a terra, o espírito vai à água.
Enquanto o corpo morre e retorna ao pó o espírito não termina sua jornada até voltar a Oxalá, ao grande mar, ao seu ponto de partida.
E em vidas, acumula conhecimentos e vai, em metamorfoses se transformando e acabando por descobrir, de um modo ou de outro, que faz parte de um todo e não pode negar este fato, não pode negar a beleza primordial, a verdade inicial, a bondade fundamental.
Observem filhos os rios, tenham sempre noção de que fazem parte desta grande verdade inicial.
O ato de lavar a cabeça, deriva em muito deste fato: os orixás, mesmo que diversos, são, em sua essência, parte de um mesmo todo.
As setes linhas fazem parte de uma mesma verdade e respeitam a mesma lei.
Erram, portanto aqueles que descriminam a Umbanda, por que apesar dos diferentes recipientes a água pura, sempre será água pura, independente do nome que se de a vasilha.
Que, se faz o bem, traz a cura da alma, não pode ser rotulada pela roupagem, mas somente igualada pelo fundamento eterno.
Se isso fosse observado por aqueles que criticam a Umbanda, tão menores seriam os preconceitos, de tão mais fácil entendimento se fariam as verdades.
Qualquer religião que pratique a bondade, o bem, que cultue a força suprema da verdade é igualmente importante e sabia.
Lavam, portanto, todos os filhos, umbandistas ou não, suas cabeças, quando bebem da água pura, da sabedoria eterna e imutável.
Cultuam, mesmo aqueles que assim não admitem, a grande força, a energia da água pura.
O elemento está presente com a mesma força tanto na água benta quanto nos vapores do álcool. Ela será absorvida na pinga ou nas beberagens, quando utilizada em trabalhos.
Por que, sendo água, sempre veio e sempre ira para o mesmo todo.
Assim entendido e nestes termos, por obvio a água possui grande utilidade nos trabalhos das casas de Umbanda.
Ela retida, represada, traz consigo a força da mudança, a força do movimento eterno.
Deve ser utilizada para a cura dos males da alma, das dores do espírito. E em sua força de movimento é que se tem a certeza que não ha mal que dure para sempre, dor que seja eterna ou aflição perene, por que o belo é o estado original, por que o bem é a energia primordial. Portanto, filhos, se a dor parece não mais abandonar a alma, se a aflição se mostra enorme, se a noite parece eterna é na força de movimento da água, que se consegue a energia da transformação, da mudança que permite ao espírito ir em frente, que traz a necessidade do movimento.
Necessária se faz a água para limpeza, modificação, movimento, ou ainda quando obrigatório se tornar enviar espíritos não iluminados a sua evolução.
Quando estes filhos (sim, porque, por menos evoluídos que sejam, ainda continuam sendo filhos), se negam a seguir seu fluxo.
Quando pretendem ir contra a força natural, o movimento eterno de bem.
Abram-se caminhos estreitos com a energia das águas.
Curem-se visões errôneas e distorcidas com a verdade intacta à água pura.
Que no rolar das ondas se envie o mal para o bem, que na realidade da aflição se mostre à verdade da cura.
Por que o inicial é perfeito e eterno.
Por que o bom, o bem, o belo é toda a verdade e o local que, como as água, os espíritos se elevam.
Por acaso duvidam filhos, do poder da correnteza, que sem medir esforços passa por terras, matas e se faz ao rio, para depois se debruçar ao mar?
Acaso duvidam que o mal possa ser retirado com tal energia?
Que poder atribuem a este para que possa combater tal realidade?
Por óbvio é impossível.
Por que ao final os córregos, por mais estreitos que sejam, turvos que se tornem, curvilíneos que se apresentem, levarão ao mesmo caminho: ao caminho do bem, da verdade.
Infusões, beberagens, bebidas, líquidos em movimento se fazem ao mar, em busca da força inicial.
Portanto filhos lembrem que um copo de água não é apenas um copo. Mas sim, parte de um todo, represado temporariamente, que ao final ira voltar à sua força fundamental, ao seu movimento para o eterno bem.