19 - Os Pontos Cantados


Do mesmo modo que o ponto riscado, o ponto cantado é de suma importância aos trabalhos umbandistas


A Casa do Pai Maneco, tutora dos trabalhos, tem bem delineada esta importância, mas em vários terreiros do pais, o ponto cantado é subestimado, tornando-se elemento secundário a gira.

O ponto cantado é primordial ao bom andamento dos trabalhos e à evolução da gira.

É nele que facilmente se percebe a desarmonia da energia, a ação de forças negativas.

Os filhos sabem, por experiência própria, que quando a energia não flui livremente pelos elos da corrente, desarmônica se torna à melodia.

E assim sempre será.

Por que o canto é energia transformada em vozes, em instrumentos e palmas.

E necessita não apenas de um, mas de todos os elos em harmonia plena, por que quem transmite na voz, a harmonia do sentimento, transmite-a também nos trabalhos, nas magias.

Inexistindo harmonia no canto, inexiste a mesma na corrente.

Ora, se não se consegue harmonizar vozes, o que se dirá de energias?

Portanto, percebam filhos, a importância dos pontos.

Não se esta falando aqui tão somente de chamar essa ou aquela entidade.

Isso também é fundamental aos trabalhos e esta função do ponto, está amplamente divulgada, sendo regra fundamental e organizacional da Umbanda.

Mas, ao que os filhos devem se atentar e que pela casa do Pai Maneco de forma privilegiada, já foi há muito percebido, é que a função do ponto cantado é mais ampla do que chamar as entidades.

Sejam através de vozes, instrumentos e palmas, as energias vibracionais são ajustadas, dando a firmeza necessária a corrente, transformando a energia de cada filho em uma grande força que será absorvida pelos trabalhos.

O ponto cantado é como um leito desenhado, por onde as águas irão se escoar, de forma tranqüila, parelha e ordenada.

Energias dissonantes, resultam em pontos estridentes e sem ritmo.

Energias conflitantes geram alturas diferentes, em pontos que não fluem corretamente.

Fundamental pois a harmonia nos pontos cantados, para que , como o leito do rio, dê caminho a energia, conduzindo-a e protegendo-a de desperdícios.

Podem perguntar filhos, como vozes e instrumentos têm tamanha força?

A resposta é clara: a sintonia dos filhos é efetuada através de seus corpos.

Os filhos ao cantarem , como em um mantra, concentram a energia na voz, sendo abraçados e levados pela a harmonia das vozes.

A concentração no ponto é fundamental por que leva ela a dissipação de outros pensamentos e energias não condizentes com o trabalho esta sendo realizado.

Não apenas a concentração é alterada, mas os próprios fluídos corporais vibram de acordo com a energia emanada do ponto.

Pensem filhos, pensem.

O som nada mais é que energia emanada em ondas que se dissipam através do ar, tornando-se perceptíveis ao tocarem o aparelho auditivo.

Alias, aqui um parêntese, referente ao trabalho efetuado.

É exatamente deste modo que a psicografia aqui realizada transmuta-se em “ditado”, posto que da mesma forma como as ondas sonoras, a energia necessária à psicografia e aos filhos ouvintes é sentida através do aparelho auricular, fazendo-o vibrar, como ondas de som fossem.

Os filhos ouvintes possuem a capacidade de perceber determinadas vibrações.

Exatamente como funciona, por exemplo, com cachorros e outros animas, que podem ouvir sons mais graves ou agudos dos que os normalmente escutados pelo ouvido humano, os ouvintes também tem desenvolvido a audição para determinadas forças vibracionais.

Tal fato não ocorre apenas com os cavalos ouvintes, mas também com os videntes, posto que a luz, como o som, é energia em movimento, perceptível pelo aparelho ocular.

A energia do ponto cantado vibra o corpo humano.

Jogue uma pedra no rio, filho, e veja aquela energia sendo transformada em energia de ondas.

O corpo humano é formado, primordialmente, por água.

O som reflete no corpo, como a pedra na água, levando-o a vibrar em determinada energia una.

Portanto, importante sim, os sons ritmados, repetidos, para que aquela vibração se faça sentida inúmeras e repetidas vezes.

Como se fossem atiradas varias pedras no mesmo local, com mesma força que, ao encontrarem-se com as outras ondas vibracionais já formadas, multiplicam-se, alcançando tamanha energia e força, que possuem o poder de cavar o “leito” sobre o qual se derramarão todas as outras energias.

Então, necessário o atabaque, o tambor, as palmas, que em seus sons repetidos dão cada vez mais força as ondas de energia.

O mesmo ocorre com os sons de percussão reiterados e similares, fazendo os filhos vibrarem na mesma sintonia.

A letra dos pontos deve ser igualmente harmoniosa, cativante, de fácil repetição.

Isso é importante por que pontos por demais complicados, com estrofes muito longas, fazem com que os filhos se preocupem mais com as palavras do que com a energia delas imantadas.

E como se a água, mais se preocupasse com a aparência da pedra, do que com a onda energética por ela gerada.

Os pontos devem sim, serem harmoniosos, melodiosos, agradáveis ao ouvido, a assistência e aos participantes da corrente.

Devem trazer as letras bons sentimentos e harmoniosa energia, mas nunca preocupação com a excentricidade ou dificuldade das mesmas, sob pena de se distanciarem do objetivo proposto.

Muitas casas erroneamente evitam músicas que consideram “profanas”, “populares”, “de festejos”, sob o argumento de que tais músicas retiram o objeto primordial do ponto e que são validos somente os ditados pelas entidades nos trabalhos.

Equivocado este conceito.

Primeiro por que o belo deve sim ser aproveitado, quando condizente com os trabalhos, depois por que as músicas, em suas inspirações são muitas vezes escritas por intuição gerada pelas entidades, que se utilizam daquela para darem vazão a uma energia positiva, uma força a determinado povo, em determinado instante.

E que força mais facilmente utilizada do que o som que se dissipa no ar, de boca em boca, de coração em coração.

Por isso que os pontos devem ser divulgados ao maior numero de pessoas possíveis, sendo mais uma vez aqui, louvável, em tal aspecto, o posicionamento da Casa do Pai Maneco e em especial do Pai de Santo Fernando Guimarães, que sempre enfrentando as mais diversas resistências, tende a divulgar e ampliar o universo dos pontos, e da música.

Ora, a quantas famílias não chegou o som produzido pelo Terreiro de Pai Maneco?

Para quantos não se fizeram presentes as mensagens escritas nas singelas palavras de um ponto.

Quantos não divulgam também a energia contida no ponto, sem nem saber que se trata de uma mantra umbandista?

E assim, confundem-se vozes e energias do bem.

Para que melhor e efetiva arma para divulgação dos princípios e verdades da Umbanda?

As entidades utilizam-se amplamente da energia produzida por tais pontos, em balbuciares, de filhos que, muitas vezes sem perceberem, estão movimentado uma energia intacta e pura, repetindo em palavras e sons um padrão vibracional forte.

Assim os pontos são também energias utilizadas pelas entidades e que tem uma força muito alem das portas dos terreiros.

Portanto filhos cantem, por que de vozes, se faz energia.