18 - Os Pontos Riscados


Um dos fundamentos da Umbanda se encontra no chamado “ponto riscado”.

É importante que os filhos compreendam sua significação e forma de funcionamento.

O ponto riscado é composto por uma série de elementos representados por desenhos.

O ponto traz aos trabalhos a representação das vibrações, objetos e elementos necessários, por isso sua fundamental importância.

É assim, a necessidade de determinados elementos ou vibrações ao trabalho, que determina o ponto riscado.

As entidades são muitas das vezes representadas por pontos por que, em seus trabalhos, normalmente são afeitas a determinadas energias que precisam ser evocadas.

Por isso, em grande parte das vezes, as entidades seguem padrões de pontos riscados pré-determinados; posto que as “bases” dos trabalhos a elas afeitas é igualitário.

Entretanto, esta noção não pode ser objeto de simplificações, como ocorre comumente.

O ponto tem realmente, a qualidade de identificar uma entidade, mas pelo fato de que ela normalmente se utiliza daqueles elementos para realizar o trabalho.

Entretanto isso não quer, em absoluto significar, que as entidades estejam obrigadas, sempre a riscarem pontos igualitários.

Esta noção é errônea e tem o dom de prejudicar o cavalo em sua segurança.

Efetivamente, quantas vezes, se vêem nos terreiros, esta ou outra entidade serem desacreditadas por não riscarem pontos iguais aos que anteriormente foram riscados?

Ora, se não são idênticos todas as demandas, por que assim teriam que ser os padrões vibracionais evocados?

Por óbvio, que não necessariamente iguais.

Podem estar se perguntando os filhos, que acreditavam que somente através do ponto riscado poderiam verificar a veracidade de uma encarnação, como possível então verifica-la sem tal comparação?

Ingenuidade dos filhos acreditar que entidades compostas de energias complexas teriam unicamente como forma de demonstração de sua veracidade, enquanto incorporadas, um ponto riscado.

A verdade é bem mais ampla. As entidades são identificadas não por seus pontos, mas por sua postura, suas palavras, atitudes, facilmente reconhecidas pelos filhos e pais de santo afeitos a ela.

Ora, raciocinem filhos.

Somente por que tal pessoa deu um endereço, mora ela, necessariamente naquela casa?

O endereço não faz a morada, mesmo por que, passageiro o endereço, eterna a morada.

Existem sim elementos vibracionais que são trazidos à tona por cada entidade e se repetem, diversas vezes.

Isto porque a “base” do trabalho efetuado por determinada entidade, assemelha-se constantemente.

É que, dentro do padrão vibracional daquela, elementos a ela são afeitos e representados no ponto riscado, se repetem inúmeras vezes.

Mas também outras vezes, necessário se faz que a entidade acrescente ou retire determinado elemento, modificando o ponto em conformidade com o trabalho que será realizado.

Novamente aqui se diga, somente a utilização de um ou outro elemento não tem o condão de demonstrar qual a entidade está ali esta representada.

Claro que, filhos afeitos à manifestação, a demonstrações, podem, em muitas vezes, pelo desenhar de pontos reconhecer esta ou aquela entidade.

Mas isso se faz de modo não absoluto, posto que este é apenas um dos fatos verificadores da presença, ou não, de determinada entidade.

Se apenas o ponto riscado fosse suficiente para realizar a identificação, fácil se faria o trabalho dos charlatões, que através de simples memorização de pontos, poderiam falar em nome de determinadas entidades, sem que suas fossem às palavras daquelas.

Portanto, a verificação deve ir, e muito, além da exclusiva verificação do ponto.

As entidades se apresentam com padrões vibracionais, palavras, sabedoria e maneirismos similares.

E estes não podem ser memorizados, por que, por melhor que seja o ator, em determinado momento ira se contradizer e então, sua fantasia vira abaixo.

Agora, se tal fosse simplesmente identificável de forma absoluta, através do ponto, inexistiria o questionamento e o risco do ponto correto, lei seria.

O ponto, como o trabalho em geral, se direciona para determinada energia necessária a concretização da demanda.

Tem ele o poder de reunir forças de tamanha grandeza, que se torna fundamental ao trabalho.

Os elementos representados nele são evocados de forma e na ordem ali dispostos, bem como na força necessária.

A disposição de um coração, por exemplo, dependendo do local do desenho, se do lado esquerdo, direito, inferior ou superior ao ponto, dará a dimensão da necessária energia do elemento.

Portanto, o ponto somente pode ser riscado pelas entidades não cabendo aos filhos o fazerem, eis que somente a elas é dada a prerrogativa de, em linhas escritas trazer a tona os padrões vibracionais dos elementos.

Em trabalhos realizados por entidades não evoluídas, o ponto igualmente se faz presente.

Mas os elementos discriminados serão arquitetados para a realização do fim a que se propõe, ou seja: a captação de padrões energéticos, que dispostos da forma estipulada, trarão ao trabalho a energia negativa necessária.

O ponto riscado é utilizado também como forma de proteção das casas umbandistas.

As energias ali dispostas serão mantidas enquanto durar o trabalho e riscado estiver o ponto.

Tais energias positivas têm por objetivo impossibilitar que se utilize à força produzida pela corrente para trabalhos negativos.

Os pontos riscados são reiterados pela energia trazida pelos ponteiros e pelas velas, de modo que estes reforçam os elementos ali dispostos.

Assim, os ponteiros e velas não são elementos diferentes, mas tão somente reforçam uma determinada energia dentro do ponto riscado.

Importante que os filhos observem sobre qual dos elementos do ponto foi utilizado o ponteiro ou acessa à vela, posto que estará sendo ele potencializado com estes.

Inúmeras vezes se verifica que uma das velas queima mais rapidamente que outra, ou ainda, antes de consumida, se apaga.

Ora, com tal explicação, fácil entender o motivo disso: a necessidade, em um momento do trabalho, de uma energia, mais que a outra, ou sua utilização instantânea, que apos não se faz obrigatória em seu grau máximo.

Por isso somente entidades podem desfazer e/ou apagar o ponto, sendo elas responsáveis por dissipar as energias evocadas.

Não é permitido a cambones, médiuns, ou mesmo a outras entidades, que não as entidades chefes, apagarem ou desfazerem os pontos.

Se a entidade subir sem levantar o ponto, de duas, uma: ou se pede que ela novamente se faça presente e levante o ponto, ou é a entidade chefe deve faze-lo.

Pontos apagados ou desfeitos por cambones ou outros filhos podem não dissipar toda a energia ali concentrada, prejudicando os outros trabalhos, cruzando forças e sendo absorvidas, indevidamente, pelos que tentaram levanta-lo.

É o ponto, assim, fundamental a todo e qualquer trabalho umbandista.