8 - A Força do Perdão e a Força de Sua Inexistência


O perdão não é dado aos fracos de coração e espírito, não é próprio das almas mesquinhas, nem dos filhos não evoluídos.

O perdão é divino, mas sua inexistência também o é.

Por que, como visto anteriormente, as dores e os males, as curas e alegrias, todos derivam de uma mesma verdade.

O perdão é dado aqueles com grandeza de alma e beleza de espírito.

Mas e os que, encarnados ou não, mesmo seguindo a cartilha da verdade, simplesmente se acham despidos deste sentimento?

Erram os que não perdoam, erram mais do que a quem o perdão seria dirigido.

Primeiro por que aqueles que não perdoam e não desculpam, o fazem com si mesmo.

A ninguém é dado perdoar outros, somente à verdade inicial.

Por acaso se julga filho superior para que possa perdoar?

Que força divina que instituído se acha?

Que verdade oculta julga possuir para que tenha o poder do perdão?

Ninguém perdoa a outro, mas tão somente a si mesmo.

Perdoa do maior dos erros: de se acreditar tão perfeito a ponto de exigir a perfeição, como intocável fosse.

Ora, a quem julga filho, se a si mesmo não pode julgar?

Quem é esse juiz impiedoso que nem ao menos consegue enxergar as suas falhas, que é cego aos seus erros, que ignora suas fraquezas?

Quem é a alma que aponta sem ter olhado a si mesma?

Acaso se julga superior?

Então se não perdoa, erra. E lembre-se: erra mais do que aquele que peca.

Por que a quem errou ainda são dadas as chances de re-estruturação e novos acertos.

Mas qual a chance daquele que julga sem conseguir reconhecer suas próprias fraquezas?

Qual o erro maior do que daquele que julga que não erra?

O Perdão não é uma concessão a terceiros. É um favor a própria alma.

Por que se sofrem os que erram, muito mais sofrem os que não perdoam.

Se sofrem os que ignoram, sofrem mais os que conhecem e ignoram.

O erro poderá ser conhecido no outro, mas não poderá ser reconhecido?

A quem acredita que engana filho, se não a si próprio?

Que grandeza é detentor para crer que inexiste a possibilidade da falta de perdão.

Tão mais fácil culpar que isentar.

Tão mais fácil julgar que enxergar.

Por isso o perdão é tão difícil: é um processo de re-conhecimento da possibilidade do cometimento da falta.

E não perdoar traduz o sentimento de pseudo-superioridade inexistente, por que o erro é necessário a evolução, como alimento ao corpo.

Não se quer dizer com isso, em absoluto, que quem erra, tem o poder da evolução.

O acerto de contas se realizara, em um momento ou outro, mas não será efetuado por um igual, por uma alma tão perdida e tão sujeita aos mesmos erros.

Por que nunca filhos se isentem destes erros, posto que errar está na própria alma humana, o erro fundamental propicia a evolução.

Pensem, filhos, pensem.

Acreditam ao acaso que sejam capazes de dizer “nunca cometerei tamanho erro” “poderei errar, mas será em proporções inferiores”.

Ora, a quem julgam? A que proporções julgam o erro?

A morte de uma pequena borboleta é na ótica desta, muito mais imperdoável que a desesperança impingida a almas encarnadas.

Pontos de vista, simples pontos de vista, que se alternam em conformidade com o interlocutor.

Então, por que pensa que o erro do filho é inferior ao erro que aponta?

Como pode saber filho? Por si?