O perdão não é dado aos fracos de coração e espírito, não é próprio das almas mesquinhas, nem dos filhos não evoluídos.
O perdão é divino, mas sua inexistência também o é.
Por que, como visto anteriormente, as dores e os males, as curas e alegrias, todos derivam de uma mesma verdade.
O perdão é dado aqueles com grandeza de alma e beleza de espírito.
Mas e os que, encarnados ou não, mesmo seguindo a cartilha da verdade, simplesmente se acham despidos deste sentimento?
Erram os que não perdoam, erram mais do que a quem o perdão seria dirigido.
Primeiro por que aqueles que não perdoam e não desculpam, o fazem com si mesmo.
A ninguém é dado perdoar outros, somente à verdade inicial.
Por acaso se julga filho superior para que possa perdoar?
Que força divina que instituído se acha?
Que verdade oculta julga possuir para que tenha o poder do perdão?
Ninguém perdoa a outro, mas tão somente a si mesmo.
Perdoa do maior dos erros: de se acreditar tão perfeito a ponto de exigir a perfeição, como intocável fosse.
Ora, a quem julga filho, se a si mesmo não pode julgar?
Quem é esse juiz impiedoso que nem ao menos consegue enxergar as suas falhas, que é cego aos seus erros, que ignora suas fraquezas?
Quem é a alma que aponta sem ter olhado a si mesma?
Acaso se julga superior?
Então se não perdoa, erra. E lembre-se: erra mais do que aquele que peca.
Por que a quem errou ainda são dadas as chances de re-estruturação e novos acertos.
Mas qual a chance daquele que julga sem conseguir reconhecer suas próprias fraquezas?
Qual o erro maior do que daquele que julga que não erra?
O Perdão não é uma concessão a terceiros. É um favor a própria alma.
Por que se sofrem os que erram, muito mais sofrem os que não perdoam.
Se sofrem os que ignoram, sofrem mais os que conhecem e ignoram.
O erro poderá ser conhecido no outro, mas não poderá ser reconhecido?
A quem acredita que engana filho, se não a si próprio?
Que grandeza é detentor para crer que inexiste a possibilidade da falta de perdão.
Tão mais fácil culpar que isentar.
Tão mais fácil julgar que enxergar.
Por isso o perdão é tão difícil: é um processo de re-conhecimento da possibilidade do cometimento da falta.
E não perdoar traduz o sentimento de pseudo-superioridade inexistente, por que o erro é necessário a evolução, como alimento ao corpo.
Não se quer dizer com isso, em absoluto, que quem erra, tem o poder da evolução.
O acerto de contas se realizara, em um momento ou outro, mas não será efetuado por um igual, por uma alma tão perdida e tão sujeita aos mesmos erros.
Por que nunca filhos se isentem destes erros, posto que errar está na própria alma humana, o erro fundamental propicia a evolução.
Pensem, filhos, pensem.
Acreditam ao acaso que sejam capazes de dizer “nunca cometerei tamanho erro” “poderei errar, mas será em proporções inferiores”.
Ora, a quem julgam? A que proporções julgam o erro?
A morte de uma pequena borboleta é na ótica desta, muito mais imperdoável que a desesperança impingida a almas encarnadas.
Pontos de vista, simples pontos de vista, que se alternam em conformidade com o interlocutor.
Então, por que pensa que o erro do filho é inferior ao erro que aponta?
Como pode saber filho? Por si?